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terça-feira, 9 de agosto de 2011

K42 - Bombinhas 2011

Bon bini a Bombinhas!!!

O K42 era um sonho antigo. Desde quando ouvi falar de uma maratona em trilha em Villa La Angostura, na minha viagem de lua-de-mel, sonhava com uma prova dessas. Em 2009, esse mesmo K42 aportou no Brasil, em Bombinhas e eu não pude ir. E não pude ir também no ano passado. Mas neste ano deu pra planejar direitinho e, para ajudar, a Trilopez formou um grupo grande para viajar pra Santa Catarina, pra deixar as coisas ainda mais divertidas não só na prova como nos treinos.


O que atrapalhou um pouco, no entanto, foi a sensação de falta de rendimento nos treinos. Não perdi peso, não ganhei performance e ainda tive vários treinos complicados, com algumas lesõezinhas e a asma pegando no inverno rigoroso deste ano. Aliás, registrando aqui, 8km na terça-feira, quase morrendo de hipoxia asmática!! Fui sexta-feira para Bombinhas, inclusive, com a rinite em crise e com dificuldades para manter meus brônquios abertos. O negócio era tentar só terminar. O lado bom é que em uma prova dessas a premissa é realmente essa, a de “só” terminar, sendo impossível pensar em um determinado resultado ou mesmo em um pace constante. Subir as trilhas do jeito que dá, descer do jeito que pode, e correr onde dá pra correr (quando se consegue).


Na semana pré-prova o clima dava medo. Teve enchente no sul do país e chegou a nevar na Serra Catarinense. Agosto é um mês frio, mas isso é exagerado até para os catarinenses. Por sorte a previsão era de uma prova com céu aberto, embora com expectativa de vento e frio. E por mais sorte ainda, largamos realmente com o céu aberto, mas sem tanto frio. Tanto que já deixei os manguitos de lado no 1° quilômetro. E logo depois o sol daria as caras num dia perfeito, ensolarado sem estar quente.


Essa corrida prometia em termos de história pra contar. Assim que chegamos à largada, vimos o Paulinho Navarro dando uma longa entrevista para a ESPN Brasil. Logo depois o cara tá vestindo um capacete com uma câmera na cabeça... formiga atômica, correspondente de guerra! Ele entregaria o equipamento pro repórter no 4° km, mas eu cheguei a achar que iria fazer a prova inteira daquele jeito...



Saí bem devagar, tirando foto, num ritmo bem mais lento que o normal. Tanto que alcancei o grupinho da Ana Miriam, Marcia, Cassiano e Day só lá pelo km 04. A Edith ainda seguia um pouquinho à frente, mas o resto da turma já estava espalhado. Paulinho Lacerda brigando pela ponta. Navarro, Alê, Bia, Dalva e Grazi também bem à frente da gente. E atrás a Rose, o Giglio e o Brunetti. Na primeira subidona pesada, o Cassiano desgarra, e o Brunetti com suas pernonas compridas nos alcança, só na caminhada. Eu, a Marcia, a Ana Miriam e a Day tentávamos manter o ritmo do gigante.

 


Alcançar o Brunetti só mesmo na trilha, na descida. Aí quem começou a voar, despencando ladeira abaixo era a Márcia. E eu tentando acompanhar. A preocupação da Márcia era não perder a Ana atrás dela, mas na trilha, pra baixo, nem se ela segurasse o ritmo a Ana Miriam chegava. A mulher voa!


Aos pouco, nesse ritmo feroz, eu e a Marcia alcançamos a Bia. Coitada, sofria com bolha já no 10ºkm, mas foi guerreira e continuou. A Dalvinha a gente alcançou numa prainha bonita. Logo depois, um pouco mais de trilha e a praiona de Zimbros, de 5km de extensão. Ali, no plano, passei muita gente e trouxe a Márcia na cola até bem perto do 21ºkm, quando a Ana Miriam revezaria com o Du Pastor e a Márcia seguiria com o bofe dela. Bem pertinho desse posto da meia encontrei a Cynthia, mas ela logo foi embora, enquanto eu fiz um mega pit-stop de 5 minutos. Me enchi de melancia, suquinho e o escambau, até porque ali começava a parte difícil da prova. E olha que até então não tava nada fácil... 2h40 minuto para 21km!




De cara a gente sai da praia e enfrenta um escadão. Depois, uma trilha fechada, um sobe-e-desce infernal. Umas vistas bonitas, uns escorregões dos infernos numas pedras... deixei a Márcia e o Pastor pra trás e fui na minha prova. A gente subiu pra caramba e de repente, um ladeirão pra baixo, em piso bom, onde dava pra correr. Eu sou ruim pra cacete pra descer em terreno irregular, mas no plano eu soltei o corpo e fui embora. Alcancei a Cynthia de novo, passei pelo fotógrafo Pinguim e por mais um carrilhão de gente.



Chegamos numa outra praiona e aí já não tava tão firme, mas continuava correndo. Tanto que surpreendentemente encontrei o Oswaldo ali. Ele, justo ele, cabrito montês, tinha quebrado. A Cynthia tava logo atrás e iria alcançá-lo. E ele ainda me diz que o pessoal tava logo à minha frente. Me enchi de vontade, olhei no relógio e achei que dava pra terminar em 5h30 e quem sabe alcançar alguém. Passei muita gente que só caminhava por ali. No final dessa praiona, encontro o Harry e começamos uma das piores subidas da prova, muito íngreme, parecida com a primeira de todas, mas bem mais doída com o corpo cansado. E o Harry ainda fazia questão de lembrar que o pior ainda vinha. Já tinha esquecido essa história de alcançar Cassiano, Edith ou Grazi.




Mais uma praia, um retornão e asfalto. Mas não era bom não, uma estrada em subida que desanimava só de ver. Sim, a segunda metade era muito pior que a primeira MESMO! Sobe aqui, desce ali e chegamos em na praia de 04 ilhas, onde a gente teria que ir para a direita, nos enfiar numa trilha na península, sofrer pra diabo mas curtir uma das melhores vistas da prova, xingar o cara do retorno que ficava controlando o nosso número e voltar para a mesma praia no sentido oposto. Ok, terminar em 5h30 não dava, mas acho que 5h45 eu garantia.




E pra que? Pra chegarmos numa outra trilha fechada, complicada até alcançarmos o temido costão de pedras. Que nem era tão ruim assim, já que o clima tava bom e seco. As pedronas, secas, estavam fáceis de serem transpostas. O difícil é que pra sair dali tinha uma trilha que... pelamordeDeus, impossível. Uma subida infernal, o pior trecho da prova e no km 39!! Precisava daquilo?? Tinha que parar pra descansar segundando nas árvores pra não escorregar lá pra baixo. Nem se eu estivesse novo e inteiro conseguiria fazer aquilo sem parar. Imagina naquela altura do campeonato! Ia fechar em 06h00 mesmo, ok, tava conformado...



Pior é que os requintes de crueldade não acabaram ali. Ainda tivemos um retorninho na Praia da Sepultura que só serviu pra cansar a gente. Ia, voltava, pra que? Ahhh... bom, esquece esse negócio de terminar a prova em 06h00! Cruzando a linha de chegada tava bom...

Mas isso ninguém mais tirava de mim: umas prainhas aqui e ali, tudo plano e fim! Ver aquela escultura de sol da Vila do Farol de volta à Praia de Bombinhas foi uma das coisas mais lindas do mundo. Chegar correndo era questão de honra! 06H05minutos e uma vontade louca de... chegar logo e beber um treco gelado, porque a água do camelback parecia chá!!



Quem já tinha chegado, tava lá, feliz da vida, descansando e comemorando. Nosso coach Paulinho Santana que foi o 2º colocado entre todos no K12, a Isabel que também foi superbem nessa distância e a Ana Miriam, que fizera a primeira perna do revezamento. O Paulinho Lacerda foi o 9º no geral e 1º colocado na categoria. O Navarro, o Alê e a Grazi, como sempre, super bem. A Edith, pra variar, pódio na categoria. O Cassiano uns 20 minutos na minha frente. Logo depois que eu cheguei vieram a Márcia e o Pastor, pertinhos, uns 3 minutos atrás, junto com a Cynthia e o Oswaldo, recuperado. Aí relaxei, comi mais melancia (devo ter comido uma inteira, durante a prova toda) e fui esperar o pessoal que veio chegando aos poucos. Dalva inteirona, Bia, guerreira chorando de dor e desabando na chegada, Day e Rose com um sorriso de orelha a orelha, Giglio pegando pódio na categoria e logo depois o Brunetti, feliz, mas com uma cara de quem queria descer a porrada no argentino que inventou aquela subida depois do costão de pedras...


Ufa! Que prova! Certamente a mais bonita do Brasil. Difícil vai ser achar uma outra tão bonita no mundo. Só no comecinho a gente passa por uma regiãozinha meio feia, um bairro mais carente de casinhas feias.*** De resto, é só natureza, praias lindas, trilhas maravilhosas, um desbunde.

*** trecho censurado pelo comentador "Ice".

14 comentários:

Julio Cordeiro disse...

Nishi,
Parabéns por mais uma conquista.
Fiquei babando e com certeza próximo ano estarei lá.
Abraços Pernambucanos
Júlio Maratonista Cordeiro

márcia lacerda disse...

Demais o relato da prova! Ñ faltou nenhum detalhe!!! Voce é fera!
Valeu Nishi!

Ana Miriam disse...

Como diria o coach: "show de comentário, fomos com tudo!". Falando sério, caraca, vc lembrou de cada detalhe...
Ano que vem (ou no outro ou no outro) ainda volto lá pra sentir nas pernas e no resto dos músculos essa emoção de vcs!
Valeu!

Ice disse...

que chato né, ter que passar perto de casinhas feias de gente pobre, realmente a organização precisa corrigir isso para o ano que vem, quem sabe derrubando as casinhas feias deles né.

Ricardo Nishizaki disse...

É, me expressei mal mesmo... o "problema" da paisagem ali era que a região não era natureza e havia alguns terrenos sujos, feios mesmo, mas a frase ficou parecendo meio segregacionista mesmo. De qualquer modo, é lógico que se é possível interpretar da pior forma possível, sempre há gente disposta a fazê-lo...

Cassiano disse...

Esse Ice é o Adriano, gosta da Vila Cruzeiro? Pois que eu saiba ninguém, nem aqueles que moram na própria região carente, acham esse tipo de casa bonita. Ainda bem, assim tentam melhora-las. Piores são aqueles que acham que a pobreza deve glamourizada ou curtida (e acabam por eternizá-la), como a Igreja, os traficantes e... O Ice.

Dú Pastor disse...

Nishi, sua narrativa no blog está realmente excelente!!!! acredito que em breve sua atividade principal será o blog, as corridas serão mero detalhe...

Cristiane disse...

Que diversão maravilhosa!!! Show!!!!

giliard pinheiro tri-k42 disse...

bela narrativa,guerreiro Nishi.toda metragem da prova foi feita ,por mim e pelo Cedir ,morradores de Bombinhas e infelismente,temos essa parte feia do km4 ate o km6,mas conseguimos apagar com essa imagens logo de cara apresentando o que Bombinhas tem de mais belo,nossa mata ,nossas praias e nossa gente.obrigado por relatar tão bem nossa prova e contamos com vcs no ano que vem e que consiga,fechar em 5:30.Parabens

Ricardo Nishizaki disse...

Agora eu tô me sentindo o cara!! O Giliard veio aqui e comentou!! Valeu, galera, a prova é mais linda ainda por causa das pessoas que dela participam!!!

Anônimo disse...

Prova extremamente pitoresca hein!

Um dia quando eu tiver mais experiência nos 42K encaro uma trilheira assim.

Gostei do álbum ilustrativo!

Parabéns!!!

Abs,
Shigueo

Yeda disse...

Nishi, Parabéns por mais uma prova! Adorei o relato e fiquei com vontade, um dia quem sabe encaro esta pedreira toda. Mas o que mais me chamou a atenção são as contas que fazemos durante uma prova, é impossível correr apenas por correr, sempre temos o plano A, B, C, D etc.

Ricardo Nishizaki disse...

Shigueo, é duro. Mas é diferente de uma maratona. Em alguns aspectos é mais difícil. O tempo que se passa na prova, por exemplo. E você sabe o que é fazer uma trilha, né? Mas em outros aspectos é bem mais fácil. Paisagem, que descansa a mente. Ausência de pressão por um pace. Saber que andar não é derrota, mas estratégia pura.

Yeda, eu diria que nessa prova fiz dois planos: o primeiro para a primeira metade da prova, deu certinho: completar bem, sem forçar. Foi até melhor do que esperava, já que esperava umas 3 horas. O segundo plano é que teve a aplicação de subplanos, que apareceram durante a corrida. O 6h05 foi o plano D. Mas na minha mente não foi ruim, já que fui preparado pra fazer a prova no tempo total de 07 horas e fiz em 06h05. Ou seja, mesmo que estivesse no plano "K" na segunda metade, ainda assim tava bem dentro da meta limite.

Nat - Corredora Zen :-) disse...

Nishi, adorei a cobertura fotográfica hehehe! Olhando as fotos parece tão mais fácil do que foi né? Pena que não nos falamos lá!