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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Medio Maratón de Lanzarote

1h44min48s. Nem nos meus melhores sonhos imaginaria uma marca dessas. Minha marca anterior era 1h48 e uns quebrados, mas quando a consegui eu tava bem fininho, treinando forte pra maratona e me sentindo realmente na ponta dos cascos. Já pra Lanzarote... foi uma prova onde me inscrevi mais para poder viajar e para manter motivação pra treinar de forma decente. Tive um mês e meio saindo do zero pra chegar em um preparo físico razoável, mas pelo ritmo dos treinos sentia que não estava tão bem: sem velocidade, ainda acima do peso. Enfim, fui relaxado. E relaxado, não planejei muito a prova, não. Usei uma tática suicida, fácil para uma prova em looping com essa: largar, sentir como estava, e se estivesse bem, soltar a bota. E ver o que restava no final. E assim foi.

Mas por que Lanzarote? Porque era a data que encaixou nas minhas pesquisas por provas mundo afora. Além dessa, daria só pra fazer a Mizuno Athenas, mas aí eu perdia a desculpa pra poder viajar e matar uns diazinhos de trabalho. E sendo num lugar bem diferente, nas Ilhas Canárias, resolvi ir. Lanzarote, onde morou Saramago até morrer. Onde morava Thor Heyerdahl, o norueguês maluco da expedição Kon-Tiki. Um lugar bem exótico para qualquer brasileiro. Mas que parecia ser bem normal pra muito escandinavo. Afinal, em que lugar da Europa você conseguiria sol e calor em pleno dezembro? Por isso, tava cheio de brancões por lá. Todos querendo ficar vermelhões.

Eu dividiria Lanzarote em duas. Uma é a ilha onde tudo é vulcanismo e lava, terra preta (lava fria) com casinhas brancas sem telhado pra todo lado, e um clima semi-desértico, mas com muita influência do oceano. Daí os moinhos, daí o vento constante. A outra Lanzarote é a Lanzarote-resort. Praias como Costa Teguise, Playa Blanca e Playa del Carmen, totalmente fake, avenidas largas cercadas de bromélias plantadas em intervalos regulares no canteiro central, prédios enormes de resorts e bares disputando quem tinha a maior TV onde seriam transmitidos os jogos da Premier League. Mas em dezembro tudo estava relativamente calmo, sem multidões de turistas e com um trânsito maravilhoso pra quem vive em SP. Tudo muito civillizado, de carro alugado, cruzei a ilha várias vezes, norte a sul, leste a oeste... 


Enfim, turismo à parte, fui pra corrida. Mizuno Nirvana nos pés. Temperatura boa (uns 15ºC), não fez sol nesse dia, pouca gente, nem precisava de chip no tapete da largada. Tempo bruto = tempo líquido. Mesmo assim, como não gosto de largar muito na frente, perdi uns 10 segundos nessa brincadeira. Me posicionei perto do marcador de ritmo pra quem iria pra 1h50 na meia e largamos, com um atraso de uns 20 minutos. No problem, relax, clima de praia... cheguei no marcador de ritmo e aguentei do lado dele até o 1,5km. O ritmo dele tava certinho, mas eu comecei a achar que tava lento demais, tava sobrando. E comecei a puxar um pouco mais, com cuidado pra não exagerar. Cada volta do circuito tinha 10,55km. Assim, os meio-maratonistas iriam dar 2 voltas e os maratonistas, 4 voltas. Tempo suficiente pra conhecer o circuito, que tinha inclinações constantes. A gente meio que descia da avenida principal até o caminho da praia e subia de volta. As inclinações só mudavam um pouco o ritmo de corrida. Tinha duas delas que eram um pouquinho menos leves, mas nada muito forte, parecido com a subida do cavalo na USP, só que mais curtas.

Nessa toada, fui puxando, puxando, e vendo que o ritmo tava bom, na casa de 4min48, 4min50/km. Ia pagar o preço no final, mas tava legal e ia tentar sustentar aquilo até onde dava. O problema maior foi o vento. Na ida em direção ao sul o vento tava a favor, mas eu nem percebi. Na volta... aquilo parecia um furacão contra, um verdadeiro muro de ar. Impressionante como a gente não sente o vento a favor... mesmo assim passei nos 10km com 49min cravados e a metade da prova com 51min30 (4min52s/km). Aí percebi que o negócio ia ser bom. Tava começando a cansar, mas exceto se quebrasse muito feio ou tivesse algum outro problema bem travador, ia baixar o meu tempo em meia, com certeza. Tava pelo menos 5 minutos mais rápido!


Como era de se esperar, a segunda volta foi um tormento. Especialmente a volta, onde já tava bem cansado. Mas aí a motivação era baixar tempo e não esmorecer. O corpo já era, mas a mente continuava me empurrando. No 19ºkm, quase um estrago: meio mole, pisei torto no piso de pedra e torci o pé esquerdo. Mas foi leve, dei três manquitoladas, aproveitei pra respirar e continuei dando tudo o que restava. Acabei fechado a segunda volta em 53min18 (5min03s) e, assim, a prova em 1h44m48s. Estourado, mas feliz. Recorde pessoal fulminado e com expectativa de melhora, já que a preparação e a condição física estão longe do ideal.

Vídeo da prova: http://www.youtube.com/watch?v=4NWBQYpgDxU 


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