Era o objetivo do semestre e a tentativa de baixar mais uma vez o recorde mundial pessoal. E sendo sincero, achei que pudesse dar. O ciclo de treino não foi dos melhores, não me adaptei muito bem à nova metodologia adotada pela Trilopez e me sentia um pouco lento. Mas embora estivesse meio cansado, não me sentia estafado. Na última semana antes da prova, já em férias, senti que o corpo estava respondendo bem ao descanso e comecei a achar que dava ao correr fácil nos treinos dessa última semana de polimento.
Só que não rolou. Eu larguei na segunda onda e, por isso, fiquei aquecendo, pra destravar bem o corpo. Na hora de entrar na baia de largada, vi que Berlim não era aquele primor absurdo de organização como Nova York. Muita gente e a gestão da multidão era apenas normal. Eu me encaixei onde dava mesmo naquela multidão e fiquei longe do marcador de ritmo das 3h30, que era uma das minhas idéias de estratégia de prova. Larguei acelerando procurando os marcadores e logo encontrei o das 3h45. Assim, logo imaginei que o das 3h30 estaria um pouco adiante e resolvi começar um pouquinho mais forte pra ver se o alcançava. As parciais estavam fortes, passei o 10 para 48 minutos e meio, mas tava tudo bem, fácil correr, no vídeo eu gravo como se estivesse muito tranquilo.
Lá pelo km 16 comecei a sentir náuseas. E depois de passar pelo km17 parei e vomitei. A seco. Nada saiu, era só, talvez, uma irritação do estômago ou alguma reação do organismo ao ritmo forte. Eu estava muito bem e não sei explicar porque deu isso. Já que é natural do ser humano botar a culpa em algo, vou botar a culpa no gel. Explico: geralmente um dos géis que carrego tem cafeína e esse eu guardo pra ser o último. Mas me atrapalhei e acabei tomando esse como o primeiro gel. Talvez tenha sido isso. Talvez tenha sido o bom consumo de cerveja nos dias que antecederam a prova (tava de férias, né?) Só sei que deu ruim
Consegui ainda voltar e fazer 2km no ritmo bom de 4m55. Mas do 20 para o 21 comecei a sentir as náuseas de novo e vi que não ia dar para sustentar essa sensação maldita. Tirei o pé, desisti do recorde pessoal e passei a rodar num ritmo que encaixasse confortável. Acabou sendo uns 5m30/km e assim segui, de boa, filmando e curtindo a prova. E bebendo cerveja durante a prova...