Época de pandemia, com cancelamento de tudo o que é prova e a própria dificuldade ou impossibilidade de treinar, Muito díficil para a organizadoras de prova, mesmo as mais tradicionais, já que o problema é realmente sanitário e afeta o mundo todo. Na verdade, ocorreu alguma normalidade de provas no mundo somente até janeiro deste, e a partir de fevereiro começaram os problemas. A maratona de Tokyo ainda se realizou, mas somente com a elite. E a partir de março, o mundo inteiro parou, incluindo o Brasil.
Uma das provas que mais tentaram resistir ao cancelamento ou adiamento foi a Comrades, mas não deu. No final de abril, com o agravamento da situação na África do Sul e após o cancelamento de outra prova símbolo, a Two Oceans, eles tiveram que cancelar a rainha das ultramaratonas. Mas considerando os problemas existentes e tentando manter vivo, de alguma forma, o chamado das corridas, a Comrades foi uma das provas que buscou a realização de um evento virtual, não-competitivo, em substituição à prova em si.
A Race the Legends foi criada com uma atmosfera inclusiva, tanto que previu a realização de 5, 10, 21,1 e 45km, além da distância de 89km. O corredor poderia percorrer a distância de qualquer lugar do mundo, apenas registrando a sua corrida em um dos aplicativos disponíveis no mercado, e mesmo quem não tinha GPS para registro ainda poderia enviar registro fotográfico. Logicamente por causa da pouca acurácia nesse método, o evento realmente teve um caráter meramente participativo. Mas os participantes, que pagariam uma taxa pela inscrição e poderiam ainda comprar diversos outros itens, ganhariam a medalha participativa. Aliás, a única oportunidade para que um não-ultramaratonista pudesse conquistar uma medalha da Comrades.
A data escolhida era a mesma data prevista para a Comrades real: 14/06. E como envolvia o mundo todo, as pessoas tinham esse dia inteiro, no horário local, para realizar sua corrida e depois enviar a prova do registro para a organização da prova. No Brasil a comunidade comradeira abraçou de forma bastante agressiva a causa e fomos o país com o maior número de inscritos de lavada, excetuando-se, é claro, o próprio país sede.
Eu não podia ficar de fora. E fiz minha parte. Eu não ia participar da Comrades neste ano e com a pandemia os treinos foram a zero, por isso escolhi a distância simbólica de 10 km para percorrer. Saí de casa de máscara, depois de vários meses de isolamento social e corri na rua esses 10km, em um domingo garoento e com as ruas vazias. Mas fui de número de peito, porque afinal de contas era uma corria. Mais que isso, era a Comrades!!
E fiz. Cansado pela ausência de treino, lento pra caramba, mas também curtindo a sensação de correr, sensação essa que há muito não tinha e da qual estava morrendo de saudades!!! Valeu Comrades!!
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