Não, esse não é tempo de congestionamento. É o meu tempo oficial na Claro 100k. (No meu GPS registrei 3h56min15s, acho que o tempo oficial é o bruto) Foi melhor do que eu esperava, já que eu sequer tinha certeza de que poderia completar a prova ou que conseguiria fazê-lo no tempo limite de 5 horas. Ainda mais em uma MTB.
Foi meio na loucura e eu não recomendo pra ninguém. Eu nunca tinha pedalado mais do que 40 km na minha vida e invento de fazer 100k. Mas era em uma prova bem estruturada e eu estou em razoável forma física. Mesmo assim, não dá pra justificar alguém ir para uma prova sem treinar (porque eu pedalei umas 5 vezes com essa bike e falar que isso foi treino é demais). Ainda mais fazer uma prova de estrada em uma Mountain Bike com geometria para subida, como a minha. Digamos que é que nem como um corredor de 10k resolver correr uma maratona sem treinar especificamente para ela. Ok, o cara tá em boa forma e conhece o próprio corpo, maaaas...
Mas foi legal. Fui sem parâmetro nenhum para saber ritmo, etc. Só sabia que no Rodoanel tem trechos longos de subida e descida leves. Prudentemente saí longe de qualquer pelotão, o que não foi exatamente bom. Por puro medo e inexperiência, perdi a oportunidade de andar no pelotão, ainda que fosse por pouco tempo, e poupar energia. Mesmo assim, depois de uma largada em hairpin, saí pra pedalar acima de 30 km/h de média. Sempre de cara pro vento. Facilitou o fato desse primeiro trecho ter menos inclinações. Fui puxando acima de 30km/h até o km 20 mais ou menos, quando o ritmo começou a cair lentamente. Cada vez que olhava no GPS via um 29.9, 29.8, 29.7... a gente já tinha feito o retorno e passado de volta em frente ao pórtico de largada, indo agora na direção leste, no sentido de Mauá. Esse trecho tem inclinações mais acentuadas e longas e aí começou a faltar perna pra subir forte.
Pior era na descida. Faltava marcha. Eu queria pedalar mais pesado mas não vinha marcha. E a MTB, mesmo com pneu 1.50, prende, não desenvolve velocidade e é uma verdadeira barreira aerodinâmica. Vendo o meu GPS vejo que eu consegui atingir 2 picos de 50km/h, curtíssimos, em descida. Foram dois momentos em que eu me abaixei todo em cima da bike pra tentar melhorar a aerodinâmica. O problema é que na MTB você fica numa posição horrível para isso. É como correr de coturno.
Passamos de novo na região da chegada por volta do 65º km, onde eu já via muitos competidores com a prova terminada. Eram mais ou menos 2h35 de prova, os vencedores e o primeiro e segundo pelotões já tinham chegado. Agora entraríamos num trecho menos pesado, mas não fizemos o retorno no mesmo local do início da prova. Seguimos adiante. E esse seguir adiante significou mais alguns trechos de subida longa e mais inclinada. Nada absurdo, mas tive que baixar pra 4ª marcha do volantão, porque a porra da subida não acabava... quando fizemos o retorno, aí ficou mais fácil. Primeiro porque sabia que só faltavam 17 quilômetros. Segundo porque ia descer tudo o que subi. E tinha conseguido manter o ritmo médio acima de 25 km/h, ou seja sub-4 horas. Aí foi fácil terminar. E até que fiquei na frente de várias bikes speeds, algumas lindonas! Nada mal para uma MTB simplona, hardtail, pesada, ano 2004.
O que eu mais senti nessa prova foi a postura. Não estou acostumado a pedalar, então não foi fácil manter a posição em cima da bike. Meus tríceps ficaram bem doloridos por causa da posição, travando os braços no guidão. Minhas mãos toda hora ficavam dormentes por serem um dos pontos de apoio do corpo na bike. E de vez em quando eu me forçava a pedalar em pé para mudar um pouco a posição da pedalada. Tudo questão de adaptação. E tudo incomodando.
Mas terminei bem a prova. A bike, por não ter impacto (ainda mais em estrada lisa), agride menos o corpo. As pernas cansam, lógico. A postura pega. Mas terminei a prova cansado e com fome, mas não exausto.
E a grande notícia foi saber que a Trilopez ganhou na categoria escuderia!! O Daniel é um puta ciclista, e estava super bem acompanhado do Jorge Nisinaga, que "só" é um Ironman classificado pro Havaí, do Chad, que é um monstro, e do Lucas, que eu não conheço mas que só pode ser fera. Parabéns!! E Parabéns aos demais trilopenses que completaram a prova!