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domingo, 27 de dezembro de 2009

Corpore Shalom 2004 - 6k

A primeira corrida merece uma explicação. Por que correr? Porque quando criança e adolescente semprei acompanhei fascinado a São Silvestre e seus monstros sagrados (Victor Mora, José João da Silva, João da Mata, Arturo Barrios, Simon Chemwoyo, Rolando Vera, Carlos Lopes, Rosa Mota, Maria del Carmen Diaz, Carmem de Oliveira), porque sempre adorei esportes e os Jogos Olímpicos eram uma das poucas oportunidades de ver os corredores na TV (Said Aouita, Joaquim Cruz, Zequinha Barbosa, Agberto Guimarães, etc).

E porque eu adoro jogar bola, mas sou o japonês que corre o campo inteiro mas que nunca faz nada de útil com a bola. Então por que a bola? Por que não só correr?

Por fim, porque em novembro tinha decidido que ia passar o Reveillon de 2004 em São Paulo, sem viajar, e precisava fazer alguma coisa. Por que não realizar um sonho? Estava em relativa forma física, fazendo musculação, mas com pouco preparo aeróbico. Tava pesado, e a barriga tava "musculosa".

A partir desse momento, resolvi fazer umas provas antes para saber como era uma corrida de rua, o que rolava e treinar um pouco também. A primeira oportunidade que apareceu foi a Shalom 2004 da Corpore, no final de novembro. Tinha alguma dúvida sobre a possibilidade de conseguir me preparar para os 15km da São Silvestre um mês depois, mas começar com 06 km imaginava que iria ser fácil.

Não foi tão fácil assim. Mas eu marquei um tempo nessa primeira corrida que durante muito tempo foi razoável para a minha performance. Motivado por um acontecimento interessante.

Cheguei na USP e fiquei animado com o clima de corrida. Aquele monte de atleta aquecendo, via uma baixinha com o cabelo todo colorida aquecendo dando uns tiros ultra rápidos e fiquei feliz de me ver entre a elite (depois descobri que era a Ana "Animal" Garcez)... e olha que a Shalom não era a corrida, mas apenas um evento festivo, inclusive nem havia chip! Largada dada e eu tentando me segurar, embora visse um monte de corredores com porte pouco atlético me passarem. Pensei que tinha muito o que melhorar, mas logo fiquei mais contente comigo mesmo, porque passado um quilometro a empolgação de muitos já tinha sucumbido e eu comecei a passar vários desses atletas sem porte atlético. Só algum tempo depois aprenderia que a falta de físico de atleta pode ser muito enganosa.

O problema foi quando lá pelo 3ºkm, vi à minha frente uma japonesinha com mais de 60 anos que parecia a minha avó. Na minha frente! Aliás, muito na minha frente, porque a vi já depois do retorno em uma das alamedas da USP. Ok, ficar atrás de um tiozão cinquentão gordo vá lá. Até porque tinha muitos nessas condições na minha frente... mas atrás de uma batchan??? Acelerei e fui, fui, fui. Deixei a precaução de lado e corri que nem um louco, dentro do que conseguia. E o coração batia como se fosse uma bateria de uma banda de speed metal. Já nem respirava direito, só conseguia ver a batchanzinha na minha frente. E fui, fui, fui, fui e faltando uns 500m para a chegada passei! O duro agora ia ser ficar na frente dela, já não tinha pulmões, coração, pernas... e um desmaio era uma possibilidade real.

Mas fiquei. E depois descobri que ficara na frente da mítica Dona Mitiko, campeã mundial de maratona na sua faixa etária e um fenômeno da natureza...

O tempo para os 06k: 31m24s. Meu recorde em uma distância que eu nunca mais fiz... e um ritmo mais do que decente de 5min14s/km. Ia demorar muito para conseguir um pace semelhante...

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