Foi a terceira!! Terceira vez em Buenos Aires para correr a maratona!! Uma prova que sempre gostei, onde já fiz um recorde pessoal (depois superado por Porto Alegre) e que sempre tem o benefício adicional de ter alfajor, empanada e asado depois da prova!!
Lógico que não é só isso: a prova é rápida, geralmente em um clima bom de correr e embora esteja cada vez mais cheia, costuma ser bem organizada e não ter problemas quanto à gestão de multidão!
Mas para este ano senti que a minha preparação não estava muito boa. Não perdi o peso que queria perder, não tava treinando tão bem quanto gostaria, achei que iria só para completar a prova sem maiores problemas.
Como sempre, mesmo não estando com o câmbio tão atrativo como antigamente, Buenos Aires lota de brasileiros para a prova. Afinal, é perto, é sempre um charme correr no exterior, a comunicação é fácil, os reais são bem aceitos e apesar da rivalidade, são nossos hermanos! Muitos têm amigos vivendo em Buenos Aires ou amigos argentinos mesmo e comigo não é diferente. Não encontrei um deles por lá, o Colo (Leonardo Mourglia), mas o outro, o Lucho Runner, eu encontro até porque o Locos por Correr tem uma tenda VIP que já virou tradicional na meia e na maratona de Buenos Aires e que conta com muitos clientes brasileiros!!
Mas antes disso, vale a pena falar da Expo. Neste ano ela ocorreu no Parque Sarmiento (não sei se já foi assim nos anos anteriores), um lugar meio distante, já na divisa com outra cidade (Vicente Lopez), em Villa Urquiza. Não tem metrô perto, só uma estação de trem mais ou menos próxima (Saavedra) e a forma mais fácil de chegar lá é mesmo de carro, por taxi ou aplicativo. Só que eu, que estava hospedado em Palermo Hollywood, acabei achando mais interessante (e barato) ir de ônibus. E de deu certo sim, peguei dois ônibus vazios num sabadão de manhã, já aprendi também como funciona a coisa por lá (você informa ao motorista onde vai para ele calcular a tarifa) e tudo bem!!
Embora distante, o Parque Sarmiento é um lugar cheio de equipamentos esportivos, espaços, dá para entender porque foi o local escolhido. A retirada do kit foi muito tranquila, tava bem vazio por volta de meio-dia, e a Expo era pequena, exceção feita ao estande da Adidas, patrocinadora da prova. Só que nesse eu não entrei por conta da fila monstruosa para entrar! Não acredito que os preços estivessem bons, mas quem tava lá tava querendo algo especial da prova, né? De qualquer forma, deu para comprar umas coisinhas da organizadora da prova, a Fundación Ñandú, então tudo certo.
A prova em si, como tem ocorrido sempre, larga na região do Hipódromo, local com muitos parques, avenidas muito largas e relativamente central, próxima também ao Aeroparque Jorge Newberry. Com tanto espaço, a concentração, dispersão e também a montagem de tendas das diversas assessorias, clubes de corrida e afins estava bem facilitada, assim como a disposição de equipamentos, banheiros químicos etc. Fica um pouco longe do Centro, onde está a maior parte dos hotéis, mas relativamente próxima a Palermo, e daí a razão de me hospedar por lá. Fui e voltei a pé da prova, a 2km de distância do bairro.
Por conta das chuvas nos dias anteriores, os gramados estavam molhados e com vários pontos de barro, não exatamente convidativo para um passeio. Mas o dia amanheceu frio, com nuvens, mas sem previsão de chuva forte durante a prova, assim como sem previsão de calor. E foi o que aconteceu, a prova inteira teve um clima bom para correr, exceto por alguns trechos com vento, mas que eram poucos. Temperatura girando na casa de 13 graus, uma garoinha fina no começo da prova, mas que depois parou, tendo até alguns poucos momentos de sol fraco. Do clima não dava para reclamar!
Ao longo dos anos, a prova veio modificando algumas coisas em seu percurso. Neste ano repetiiu-se o do ano passado, iniciando na direção norte e depois retornando para o sul. Isso significou passar em frente aos dois estádios dos maiores da Argentina, o Monumental de Nuñes e La Bombonera.
No estádio do River, passamos cedo na prova, lá pelo km 03 e depois no km 08. Nessa região, no final da Avenida del Libertador e no acesso à autoestrada, achei que a prova ficava um pouco estreita, especialmente para o pessoal do fundão, como eu, já que a multidão ainda não havia se dispersado muito. Talvez tenha sido o único ponto onde teve esse problema.
No km 12, passamos de volta pela região da largada, onde muita festa da torcida nos aguardava. Aliás, embora não possa jamais ser comparada com uma major, é uma prova onde em vários pontos há a presença de torcida e pessoas assistindo, até porque passa por pontos onde costuma haver muitos turistas (e também, obviamente, parentes que vieram acompanhar os corredores). É assim na Recoleta, é assim no Centro, na região do Obelisco, da Casa Rosada, da Avenida Corrientes, da 9 de Julio e também em Puerto Madero. E em outros pontos da prova haviam ativações de marcas como a Adidas e Saucony, e festas da hinchada de River e do Boca
As únicas inclinações reais da prova são na região da Casa Rosada/Obelisco, e no final da prova, na região da auto estrada e também no km 40, em um viaduto próximo ao Aeroparque. E são inclinações curtas e não muito íngremes, embora possam quebrar um pouco o ritmo. De resto, a prova é bem plana e o trajeto só incomoda um pouco quando passa na beira da autoestrada ali no começo onde estreita um pouco e nos 2, 3 kms onde passa embaixo de uma autoestrada, sob um elevado onde o vento encanado atrapalhou um pouco e onde o meu GPS ficou meio doidinho.
Por sinal, foi ali onde eu perdi meu plano A da prova, que era fazer sub-4hs. Iniciei a prova tranquilo, do lado do Joelson, o Corredor Irônico, mas logo depois de uns 2km já percebi que o ritmo tinha estabilizado entre 5m35/km e 5m40/km e toquei o resto da prova assim, controlando esforço e as minhas dores de quadril, joelho, tornozelo, lombares etc. E realmente fui bem assim, até passar pelo km 35, onde ganhei uma coquinha muito bem vinda do pessoal da RunFun e entrar na região abaixo do elevado, onde perdi um pouco o ritmo pelo GPS maluco e pela mudança de esforço, já que o vento contra fez meu velocímetro interno perder um pouco a referência.
Depois de sair dali, entramos em outra região não muito bonita, do porto, e logo a seguir uma subida longa da via expressa, até sairmos para a passagem por baixo dela, próxima ao Aeroporto, já no km 40. Esse bloco foi meu pior 5km e eu não conseguia voltar para os 5m35/km e 5m40/km, até porque é justamente onde tinha inclinação e vento. Além disso, no km38 o celular tocou, toque de casa, e como o Rafinha tinha se acidentado no futebol, dias antes, levando uns pontos, achei melhor atender. Quando fui ver, ele só queria me dar oi... hahaha, superfofo, mas no momento mais errado possível!!!
No trecho final, já com torcida, tentei puxar um pouco mais forte, mas aí é onde faltou perna, senti um início de cãimbra na panturrilha, meio torto, correndo e olhando o relógio, fazendo conta mental para ver se dava, e nos últimos 500m ainda consegui acelerar um pouco, mas longe do suficiente para o sub4hs.
Deu 04h00m16s no tempo oficial. No certificado percebe-se que meu pace geral veio caindo a cada parcial de 5km e subiu um pouquinho a partir do km 35. No final das contas, foi uma prova muito constante, já que lembro de ter passado a meia-maratona com 1h59m47s no relógio, só perdendo esse ritmo nesse trecho dos km 35 ao km 40.
Apesar disso, gostei muito da prova que fiz. E fiquei dolorido no pós-prova, mas não exageradamente. Embora não tenha conseguido manter minha invencibilidade no sub-4 por lá, mantive pelo menos uma boa performance para mim, especialmente porque não estava totalmente bem e a idade tá pesando... Mas fui 448 º colocado entre 1008 na categoria 50-54, 4068º colocado entre 8881 nos homens, e 6017º colocado entre 12765 completantes. Ao menos ainda entre os 50% mais rápidos em todas as categorias...
Nenhum comentário:
Postar um comentário