Bem ruim a cobertura da Maratona de São Paulo pela TV. Muito embora não seja sensacional, prefiro a cobertura que a Globo faz pela Sportv, mais profissional, sem ficar perdendo tempo com micagens de ex-jogadores, intervalos inapropriados comerciais ou mesmo para cortar pro pessoal do estúdio do Esporte Espetacular. O que eu acho interessante é que às vezes, em grandes maratonas do exterior, de vez em quando o pessoal da TV reclama da cobertura das TVs locais. Mas eu fiquei imaginando o que pessoas de outros países achariam da cobertura da nossa TV, perdendo momentos capitais da prova. Eu só descobri quem foram o 4º e 5º colocados da prova bem depois, já que não tiveram paciência de esperar o coitado do Marcos Alexandre Elias, 5 minutos atrás do terceiro.
Sobre a prova, ficou clara a diferença técnica entre os quenianos e os demais atletas. Dos brasileiros, o único que tinha um tempo que poderia chegar perto do tempo deles era o Zé Telles, que fez o seu 2h12 em uma prova muito menos pesada que SP. Aliás, o Zé Telles é um cabra que não desiste, né? Terminou em 10º, com 2h25, mas ele não abandona a prova, vai na dele mesmo!!!
Já nas mulheres foi interessante ver a vitória da Marisete Moreira. Havia só uma queniana com marcas significativas, a conhecida Margareth Okayo, que já ganhou Nova York e tudo. De resto, a etíope tinha uma marca melhor que a das brasileiras, mas nada absurdo (2h30) e uma outra queniana com o mesmo nível técnico, na cada das 2h30 alto. Entre os homens a gente teve ao menos um passado recente com o Vanderlei Cordeiro e o Marilson atualmente, como atletas de elite-elite, capazes de ganhar maratonas fortes no exterior. Já entre as mulheres, o tempo delas está muito aquém dos melhores tempos das asiáticas orientais, das africanas e das européias. Entre o recorde da Paula Radcliffe (2h15) e o nível atual das nossas melhores brasileiras, há um caminhão de diferença. Entre os homens, o Marilson tem 2h08, mais próximo das 2h03m59 do Haile e um tempo apto a ganhar provas.
Mas o que importa é que a Marily quebrou porque se empolgou. Quebrou feio, coitada. Aliás, ela tem um histórico de problemas com camisetas, hein? Nas olimpíadas teve que correr com uma emprestada do Franck Caldeira, enorme pra ela. E ontem, passou a prova inteira incomodada com a camiseta. A cena dela cruzando a linha, cruzando as pernas e quase desabando (fiquei assustado quando a vi chegando, porque percebi que não tinha nenhum médico por perto pela TV e tinha certeza que ela ia desabar) foi impactante, assim como impactante a rateada que ela deu para quase andar na saída de um dos túneis. Lembrou a Sirlene Pinho na Meia do Rio alguns anos atrás.
Mas muito disso foi perdido com a cobertura do Ronaldão trotando, ou do Djalminha tendo que dar entrevista e correr ao mesmo tempo... aiaiaiaiai. E o horário, não precisa falar nada, né? Ontem, mais uma vez, fez diferença. Se a prova tivesse começado às 07h00, muita gente teria sofrido bem menos...
E parabéns a quem completou a prova e aos colegas da Trilopez que fizeram a prova! Parabéns aos estreantes Marcel e Paulinho Bueno! Parabéns ao Alê Fonseca, que mais uma vez fez um sub-04 em SP, nada fácil. Parabéns ao Alê Oliveira, que inventa de fazer uma maratona atrás da outra (acabou de fazer Santiago e me vem com SP...). Parabéns ao Rogério, que terminou a prova dentro do esperado, assim como ao Eduardo Arnoni. Parabéns ao Ronny, que tem uma constância impressionante para a idade. Parabéns à Grazi, que fez um belo 4h06, numa prova difícil. E parabéns ao Fábio, com as suas 3h40, tem-po-ral e uma marca que faz jus à capacidade dele (aquela marca do Rio não contava)!
E parabéns a quem começa o Desafio das 06 maratonas. Por fim, parabéns ao Julio Cordeiro, que me para duas semanas achando que tava com fratura por stress no pé, consegue voltar, e me soca um 3h41!! Que é isso, o pernambucano vai voar lá na África do Sul...