A motivação para me inscrever na Maratona de São Paulo de 2011 foi puramente econômica: ganhei a inscrição. Mas é evidente que correr uma prova dessas tava completamente fora do calendário. Primeiro, um mês atrás, fiz uma prova duríssima em Salta, com quase 09 horas de duração. Depois, saí de férias e não fiz absolutamente nada. Por fim, teria 2 ou 3 semanas de treino, o que depois das férias é retorno e base, e nunca preparação pra maratona. Mas, como me inscrevi, fui na louca.
Sabia de antemão que meu ritmo teria que ser lento. Além de destreinado, estou pesado e, pior, com algumas dores decorrentes do retreinamento. Também sabia que mesmo assim ia sofrer na prova, então o ritmo lento serviria só pra amenizar isso. Diante das dores na lombar dos últimos dias eu nem sabia se ia conseguir correr...
Larguei com o Tersildo, que ia tentar manter um ritmo lento de 6min30/km. Na minha cabeça mesmo esse ritmo era rápido, já que tava sonhando com um 7min/km e quase 05 horas de prova. Isso serviria, de qualquer modo, como treino para longuíssimas durações, o que me faltou um pouco em Salta e certamente ocorrerá em Bombinhas. Mas, na real, o ritmo lento é mais necessidade do que planejamento mesmo.
Já no 3º km o Tersildo e seu amigo Marcio, tavam rodando em 6min15/km. Embora obviamente estivesse fácil pra acompanhar, isso fugia do plano. Fiquei pra trás. Não sei se eles perceberam, porque logo depois eles diminuíram também. Mas como abriram, e eu não mudei o ritmo, ficamos numa distância constante de uns 20, 30 metros. Isso se manteve até eu encontrar o Alexei no caminho. Papo aqui, papo ali, ele tentando fazer um sub-4, e sem perceber aumentei o ritmo e encostei nos dois de novo, ali no Jockey. Tá tava começando a fazer calor, mas eu nem suava, de tão leve o ritmo. E também porque o ar tava seco e o suor que eu produzia evaporava rápido.
No 14ºkm, o Tersildo ficou pra trás, pra ir no banheiro. Ficamos eu e o Marcio, que ia só pros 25km. Encontramos o Martinho estourado, com a panturrilha ruim (recomendei a ele que parasse, mas aparentemente não rolou...) e o Du França, acompanhando a prova de bike. Até lá, tudo bem. O ritmo começou a ficar mais forte e eu parei de me importar com isso. Nada de muito absurdo, mas já rodávamos a 6min/km. No 22ºkm encontrei a Cynthia, que havia me passado logo na largada. Ela ia pros 25km e tava quebrada também. Eu tava começando a cansar, mas o Marcio tava num ritmo bom e eu segui. Na raia da USP acelerei tentando puxar o cara e ele seguiu. Fomos assim, a 5min30/km até a chegada dele, na Politécnica.
Ali, depois de deixá-lo, diminuí o ritmo. Ao mesmo tempo, senti imediatamente a falta de alguém para me puxar ou motivar e comecei a me sentir cansado. Entre o 26 e 28, um muro desgraçado, foi difícil correr naquele deserto da Politécnica. Comecei a sentir um pouco de hipertermia, mas a ótima organização da prova providenciou água gelada em todos os postos, que eram fartos (inicialmente a cada 3km, depois a cada 2km) e eu consegui abaixar a temperatura do corpo jogando a água na cabeça.
A reentrada da USP foi um alívio, por causa das sombras. Mas ali, depois de uma parada rápida para ajeitar o meu tênis (pegava no peito do pé e estava incomodando muito), já mantinha um 7min/km bem conservador. De vez em quando sentia uma onda de energia e voltava pros 6min30. De vez em quando batia o desânimo e o cansaço e subia pra 7min/km. Comecei a caminhar nos postos de água e isotônico. Aliás, o do 30ºkm foi o melhor gatorade da História da Humanidade!
No 32ºkm, encontro o apoio do Gabriel que me deu coca-cola. Infelizmente a parada acabou fazendo com que eu perdesse o contato com duas corredoras gostosíssimas que me serviam de inspiração nos últimos metros. Mas a coca desceu bem e fui tocando. Na saída da USP começavam os temíveis túneis da volta. Corria nas descidas e caminhava nas subidas. No túnel da Juscelino encontro o Fred e o Diego que davam apoio de bike. O Fred veio comigo e me disse como estavam os colegas. Antoniazzi, Navarro, Gregório e Filipe foram bem, mas pra minha surpresa o Marcel, que tentava um sub 3h30, quebrou. O Alè também vinha devagar, mas no caso dele era compreensível, já que "só" carregava 2 ultras no último mês...
Com o Fred fiz os últimos quilômetros, me arrastando. Mas ainda corria. Já passe por perrengues piores, até que não tava tão ruim. Caminhei na República do Líbano, onde um leve aclive parecia uma escalada ao Everest. E depois, no Ibirapuera, fechei a prova, sem sprint sem nada. Não queria arriscar sentir cãimbras, algo, aliás, que não me vitimou na prova, pra minha surpresa. 4h41min e alguns segundos. Depois que sair o tempo oficial, confirmo. De qualquer modo, meu melhor tempo na Maratona de Sao Paulo (o que não quer dizer absolutamente nada, já que a outra eu fiz como treino, parei no 30ºkm e terminei caminhando, de propósito, sem estar quebrado) e minha 6ª melhor marca (ou a 3ª pior, dependendo do referencial). Enfim, oitava maratona feita, desempatando o placar com as ultras (tava 7 a 7). E de Mizuno Nirvana, que tá com um chulé...
Amanhã as escadas serão meu calvário. Mas hoje, no pós-prova, até que estou bem. Felicidade pela Alessandra ter me buscado no final da prova, já que ela nunca faz isso...
6 comentários:
Nishi,
Parabéns por mais uma conquista
Abraços Pernambucanos
Júlio Cordeiro
Mesmo em um ritmo mais lento, uma maratona é uma MARATONA.
Boas Corridas!!
Alessandro
http://blog42195.blogspot.com/
@alesilvabr
Nishi, um excelente resultado para suas condições físicas. Parabéns! Eu ia dizer que você é maluco, mas prefiro dizer que você é um guerreiro :-) Gostei de você dizer que tinha água gelada nos postos... Será que a Yescom aprendeu finalmente? So precisa agora mudar a maratona para as 7:00.
Cara,
já que a Yeda não quis dizer, digo eu. Vc é maluco! kkk
Tem que ter cojones pra encarar uma maratona só na base da experiência. E mesmo sem treino, ainda serviu de coelho pros amigos. No final, fez o mesmo tempo que a minha única maratona e olha que eu treinei! rs
Boa sorte com as escadarias amanhã!
Abs,
Shigueo
O ótima organização foi um exagero, Yeda, mas os erros que presenciei não foram tão importantes quanto os acertos. Eu agradeci muito, a todos os céus, quando pegava um copo de água gelada nos postos. Em compensação, a largada atrasou 15 minutos e o locutor, naquele bla-bla-bla, vendendo o atraso como se fosse uma vantagem porque a maratona ia ser televisionada. Ridículo. De qualquer forma isso não me atrapalhou. Me falaram que faltou água em alguns postos, mas eu não vi. Se faltou, inadmissível. Agora, o que eu posso dizer é que estava lento, lá atrás e mesmo assim tinha água de sobra em todos os postos. Sei lá... de resto, mais uma. Meio sofrida, mas menos do que esperava.
Parabéns! maratona é sempre maratona :-) Eu fiquei nos 25K como treino mesmo e não tive inveja nenhuma de quem continuou depois do portal dos 25K hehehe Solzão, aquele monte de gente, correr dentro da usp...
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