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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

CCC - Ultra Trail du Mont Blanc

Em 2012 eu tinha tentado e acabei desistindo numa prova extremamente gelada, com neve e chuva o tempo inteiro. Camelei 3 anos fazendo pontos e torcendo em sorteios ate conseguir ir de novo para o CCC da Mont Blanc e resolver essa questão.

Pelo menos achava isso.

Pois é, tudo o que eu queria é que não estivesse aquele frio, aquela chuva e aquela neve que me detonaram durante a prova de 2012. E de uma certa forma meus desejos foram atendidos. Mas nessas horas é que eu percebo como a gente nunca está satisfeito...

Pois é, dessa vez a Mont Blanc 2015 não teve nada de chuva (exceto a largada do PTL, na segunda-feira, prova tão comprida que eu ainda estava trabalhando no Brasil quando iniciou), nada de neve e um sol glorioso, que nos deu a oportunidade de ver algumas das paisagens mais lindas do mundo!

Um sol glorioso. E quente. Muito quente!! Putz, como tava quente nessa terra!!! Embora à noite Chamonix fosse agradavelmente fresca, de dia passava fácil dos 30ºC, com um sol ardido e nenhuma nuvem no céu azul dos Alpes. Lindo. E extremamente desgastante!!


A largada em Courmayeur já teve um clima diferente. Estavam lá os meus amigos Homero e Verinha Saporito. O clima tava gostoso, ainda não tinha esquentado, e eu ainda tive a chance de não largar na última baia. Ao contrário, larguei junto da Verinha. Corremos juntos durante uns... 30 centímetros, porque passou o pórtico a moleca disparou! Não a vi mais! Eu, gato escaldado e com um problema meio bizarro, larguei mais devagar.


O problema bizarro? Bom, em toda prova de montanha a gente deve levar papel higiênico, já que nunca sabe se vontade e banheiro estarão juntos ao mesmo tempo. Não, não tive vontade no início da prova. Na verdade tive antes e fui ao banheiro, lá em Courmayeur, ainda esperando a largada. Depois de uma fila megamonstro, chegou minha vez quando...surpresa! O banheiro era do tipo turco, um buraco no chão. E não tinha papel higiênico nenhum. Nem pra mim. Mas eu tava lá, apertado e fiz o que tinha que fazer. Mas e pra me limpar? Bom, eu fiz o que pude com os recursos que tinha à mão (ou seja, a própria mão), lavei-a (ao menos a pia funcionava bem) e achei que tava ok. Mas logo que comecei a correr vi que não estava. Começou a assar. E no primeiro morro escondido fui me sconder para usar o raio do papel higiênico que tava levando, de modo a completar o serviço. Triste foi surpreender uma corredora que tinha intenções parecidas. Susto pros dois, mas em montanha não tem frescura, segue o jogo.

E o jogo seguiu, muuuuuuito melhor sem a assação no fiofó. Só que esse não era o único problema. O calor começou a pegar forte, e eu que imaginava que nas montanhas o clima poderia estar mais ameno e com vento, logo vi que me enganei. Naquela fila de procissão de corredores em trilha que se forma no começo da prova, eu já me sentia bem cansado. O calor tava me matando. E a subida do Tete de la Tronche não ajudava em nada. 1.400m de desnível positivo em 11km não é mole mesmo!!


Depois da subida, um alívio, descida até o Refúgio Bertone, muita água e coca-cola. No segundo, Refúgio Bonatti, mais ainda. O visual era lindo, mas o calor era desesperador. Em 2012 eu lembro ter feito esse trecho numa boa, correndo até forte demais, o que eu achava que teria me desgastado muito. Em 2015, eu trotava nesse planalto e sofria. Aliás, por causa do sol e do clima lindo, muita gente fazendo trilhas por diversão, shortinho e camiseta, italianada vermelha de sol, olhando aqueles doidos de mochila querendo correr ao invés de curtir. Aliás, não só gente...



No Bonatti eu tava mal. Tonto de calor. Jogava água na cabeça como um desesperado. Aí encontrei um maluco que ao invés de encher a caramanhola nas torneiras, ajoelhou e meteu a boca, desesperado. Brasileiro, lógico. Edgar, que não entendia como os gringos bebiam tão pouca água. A gente precisava se apressar se quisesse chegar no primeiro corte, em Arnuva, dentro do tempo. E fomos, do jeito que dava, até lá. Correndo contra o relógio, chegamos 11 minutos antes do corte!! Mal deu tempo de tomar uma coisa, comer outra e já tinhamos que sair pra enfrentar outra subida violenta, o Gran Col Ferret.




Em 2012 eu tinha tomado uma tempestade de neve na cabeça no Gran Col Ferret, mas ao mesmo tempo tinha achado a subida difícil mas não impossível. Neste ano não teve neve, mas como sofri subindo essa coisa!! Mesmo assim, sentia que tava melhorando um pouco, o calor começava a amainar e apesar da inclinação monstro (800m de desnível positivo em 5km!) eu consegui percorrer aquilo mais rápido do que alguns outros corredores na mesma toada. Nesse padrão de comparação, apesar do cansaço extremo, eu tava bem. E não dava pra enrolar muito porque o corte tava apertado. Mas cheguei lá em cima (sem neve!) com tempo de sobra pra descer até La Fouly. Essa descida eu sabia que era ótima de fazer, em uma trilha bem corrível e rápida.

Só que... o joelho! O joelho que estalou durante toda a subida da Uphill. O joelho que estava sensível nos treinos longos subsequentes (passava de 3hs de treino estalava de novo). O joelho que me lembrava que existia desde o começo da prova, resolveu travar de verdade. Não, não era a dorzinha chata, era a dor que doía mesmo, dentro dele. Não consegui correr na descida mais corrível da prova. Trotei, andei rápido, dava uma aceleradinha, mas o esquerdo doía. Doía! E uma passagem no corte que estava bem garantida acabou sendo o fim de prova pra mim.

Por 15 minutos fiquei no corte.



2 comentários:

Felipe Arakawa disse...

Sinto muito, Nishi.

Ricardo Nishizaki disse...

Sinto mais ainda!